Lama Tóxica da Samarco atinge o oceano

Lama Tóxica da Samarco atinge o oceano

Em entrevista à Agencia Brasil, a coordenadora da Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal disse que há vários indícios de descuido, como a falta de um plano de contingência e de controle técnico sobre o volume que a barragem de rejeitos suportava. “A coisa foi tão negligenciada que nem a Samarco sabia exatamente o que estava acontecendo. Eles chegaram a falar em duas barragens rompidas, mas só se rompeu a de Fundão. Quer prova maior de negligência que isso?”

A onda de lama formada a partir do rompimento da barragem de Fundão, em 5 de novembro, destruiu o distrito de Bento Rodrigues e deixou mais de 600 desabrigados. Já foram confirmadas 11 mortes,  dois corpos aguardam identificação e oito pessoas estão desaparecidas. Desde que chegou ao Rio Doce, a lama impediu a captação de água em muitas cidades, provocou a morte de toneladas de peixes e destruiu a paisagem local, até alcançar o mar no Espírito Santo.

A lama deve se espalhar por uma extensão de 9 km no mar, prejudicando mais uma cidade que depende da pesca e do turismo. Isso só se deu porque na sexta-feira (20) o titular da 3ª Vara Civil de Linhares, juiz Thiago Albani, determinou que a Samarco retirasse as boias de contenção instaladas e abrisse a foz do rio Doce para que a lama de rejeitos se dissipe no mar. Para a decisão, foram ouvidos técnicos ambientais do município e de órgãos como o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). A ação foi ajuizada pela procuradoria da prefeitura de Linhares. Conforme técnicos do Iema, reter a chegada da lama ao mar traria mais prejuízos como o risco de inundações e decantação do sedimento em lagoas da região. A decisão de abrir a foz do rio Doce contraria a determinação da Justiça Federal do Espírito Santo, que exigia da mineradora a tomada de medidas para impedir a chegada da lama ao mar. A Samarco divulgou nota informando que toma as providências definidas pelo Ministério Público, Iema, Instituto Chico Mendes e Tamar, de modo a direcionar a lama para o mar e proteger a fauna e flora na foz do rio Doce.

Pilhas de sapatos, roupas, água, alimentos e brinquedos se acumulam em galpões em Mariana, onde ainda há muitos desabrigados. Voluntários e funcionários da Samarco, cujos donos são a Vale e a anglo-australiana BHP, trabalham o dia todo para organizar os donativos e distribui-los. Quem antes fazia limpeza e poda de árvores na Samarco, por exemplo, foi deslocado para fazer o trabalho de logística das doações. Eles carregam caminhões e ajudam no que for preciso. Mariana recebeu um grande volume de donativos, mas enfrenta dificuldades para distribuir todo esse material.

FONTES: Agência Brasil, G1.

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